segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Violência (só) nas escolas?


Na semana passada eu soube de mais um caso chocante: um menino de 10 anos atira em professora e se mata. Lendo a matéria em um portal deparei-me com a seguinte chamada: 

Relembre alguns casos de 2011
22.set - Aluno atira em professora em São Caetano do Sul e se mata
20.set - Adolescente é esfaqueada dentro da escola em Belém
9.set - Aluno é flagrado com revólver dentro da sala de aula em João Pessoa
26.ago - Vídeo mostra aluno chutando diretora de escola em Minas
22.jun - Estudante é esfaqueado após briga em escola na Paraíba
7.abr - Homem invade escola, atira contra alunos e mata 11 crianças no Rio de Janeiro

A matéria falava sobre uma reforma na educação, onde as escolas, como instituições e os professores como agentes de educação deveriam estar preparados para auxiliar os pais na formação de seus filhos. Bom, não posso dizer que discordo totalmente desse caminho, afinal, as criança, de modo geral, passam de 4 a 5 horas em contato com os professores no ambiente escolar. De toda forma, como pai de 2 garotos, fiquei perturbado com essa tragédia. Quando temos afinidades com algo, sempre sentimos o baque mais forte. Será que o maior problema está só na escola, nos professores e nos pais?

Pensando um pouco mais sobre o caso fiquei alarmado. O que são as crianças senão o reflexo de toda a nossa estrutura social? Existe todo um debate se jogos violentos afetam negativamente as crianças e as motivam a matar. Lembrei-me de quando era criança. Não existia a Internet, mas era muito “legal” ver imagens bizarras de pessoas mortas em jornais populares, saber de fatos chocantes pelos telejornais, ver pessoas atropeladas. Despertava a curiosidade. Parece que o bizarro atrai a atenção, não só das crianças, sejamos francos.

Bom, apesar da curiosidade por cenas chocantes a vida em minha infância era formada de muitas outras variáveis. Brincadeiras na casa de amigos que conhecíamos os pais, horas e horas na rua correndo, brincando, brigando e fazendo as pazes. Tinha também as artes com os vizinhos, brincadeiras perigosas com explosivos, furar pneus de carros, furtar chumbinho das rodas para fabricar fichas de fliperama; nem tudo era singelo. Entretanto a vida era plural, cheia de companheiros, de atividades e por bem ou por mal aprendi a respeitar tanto os da minha idade, como os mais velhos.

Hoje percebo em meus filhos e outros adolescentes que o interesse pelo relacionamento pessoal e próximo diminuiu. O fluxo relacional dessa nova geração na maior parte do tempo usa como canal teclado e monitor, o olho no olho tem se tornado raro. No mesmo canal relacional também se encontram informações sobre tudo e todos. Se quiserem saber sobre Adolf Hitler basta uma visita ao Google que encontrarão muitas e muitas informações, sendo grande parte de natureza duvidosa. Com isso não é mais necessário mais se construir conhecimento, questionar a fonte, filosofar com amigos o rumo do mundo. Está tudo pronto, de fácil acesso e de mais fácil ainda digestão.

Voltando aos jogos violentos arrisco dizer que eles sozinhos não são capazes de influenciar uma criança ou adolescente a matar. Entretanto, pensando em outras variáveis presentes na vida de uma criança ou adolescente normal, o que mais existe? Onde eles aprendem a respeitar os adultos? Onde aprendem a relacionar com um amigo cheio de emoção, de paixão, de raiva, de ira? Onde aprendem a conter a própria fúria e a decepção? Não são a maior parte dos relacionamentos construídos de forma virtual? Como aprender a se compadecer de alguém que sofre por uma paixão não correspondida, por uma ameaça ou surra que levou de outro mais forte? Ou será que os emoticons podem transmitir esses sentimento? 

Aninha diz: Miguxa terminei com meu namorado, to mals... =’(
Bia_Loirinha: O miga, fica assim não, fica feliz =D

Existe época de relacionamentos mais intensos que a pré-adolescência e a própria adolescência? Época de maior busca por informações e por romper com conceitos pré-estabelecidos? E o que fazemos para responder a essa fase, tão importante e marcante?

Juntamos o baixo nível de relacionamento pessoal e envolvimento emocional entre as crianças e adolescentes com o entretenimento moderno, em sua maior parte composto por games e filmes de violência extrema e fotos, vídeos bizarros da Internet (e olha que adolescente adora isso), adicionamos uma boa medida de realidade com informações sobre guerras, atentados, relatos e comemorações de mortes “lícitas” causadas por militares em defesa da “lei e da ordem”, noticiários populares que exploram a bizarrice. Colocamos tudo isso, que chamamos de lazer, entretenimento e realidade, em um liquidificador e fazemos a vitamina com a qual é alimentada a mente de nossas crianças, adolescentes e jovens. 

Por fim, quando os indícios que as coisas não estão indo bem começam a aparecer, algumas mentes brilhantes, no entanto simplistas, dizem: precisamos melhorar a escola... 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Noiva ou prostituta

Todos passamos por momentos de crise na fé. Alguns acham bonito ostentar uma aparência de super-espiritual, uma pessoa acima das lutas e dúvidas dos seres humanos comuns. Não oram como o fariseu que Jesus exemplificou orando de modo negativo (seria dar muito na cara), mas em pensamento e nas intenções fazem o mesmo diariamente. Se achar melhor está cada vez mais ligado a nossa sociedade competitiva, nos super-crentes já é uma união simbiótica.

Entretanto, lembrei-me hoje de uma pessoa espiritual. Ele chegou a um ponto da espiritualidade que perdeu a vergonha de ser apenas humano, frágil, cheio de sentimentos e emoções. Tenho a honra de tê-lo como um amigo de muitos anos; de termos compartilhado diversos momentos importantes de nossas vidas. Um dia, após uma grande decepção, ele me confidenciou algo mais ou menos assim: Amo Jesus, mas odeio a igreja. Ela é uma linda prostituta, louca para se vender para o primeiro com a carteira gorda que aparecer e desfrutar com ele de todos os prazeres que o dinheiro pode proporcionar.

Sabendo da luta que ele passara foi normal eu ter pensado que era "apenas" o resultado de sua decepção, afinal não foi fácil a luta que teve de enfrentar. Gostaria de dizer-lhe algo que lhe ajudasse, que funcionasse como uma tábua onde sua fé pudesse escorar até Deus trazer terra firme. O que eu lhe disse foi: meu irmão, você está olhando para a mulher errada, a igreja continua linda e imaculada, mas é tímida, quase não aparece. A mulher das multidões, que vemos a todo momento na mídia, nos eventos, é a prostituta, buscando seus amantes.

O tempo passou; três ou quatro anos desde esse dia. Posso dizer que meu amigo chegou à margem, são, salvo, de bem com a fé, com Deus e com a Igreja. Sua vida mudou profundamente após essa experiência e arrisco dizer que ele nunca mais vai ajudar uma prostituta na busca por amantes. Minha vida também mudou nesse mesmo intervalo de tempo, novos projetos, novos amigos, novos sonhos. Continuo jogando as tábuas e ajudando a cuidar da menininha que amo, até que se torne a moça tímida chamada Igreja. E ai, me ajuda a cuidar?

domingo, 11 de setembro de 2011

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
             
Há muito tempo não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
             
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.
             
Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.
             
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
             
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
             
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
             
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
             
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
             
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.
             
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
             
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os "heróis" protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
             
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
             
Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
             
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
             
  Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
             
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
             
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
             
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
             
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
             
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
             
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
             
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
             
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.



SOBRE O AUTOR




Antonio Barreto 

Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara/Bahia-Brasil.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.

Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.

Vários trabalhos em jornais, revistas e antologias, tendo publicado aproximadamente 100 folhetos de cordel abordando temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.

Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.

sábado, 30 de julho de 2011

Jesus e a carne

 
"Vivemos como cristãos esmagados por uma obsessão espiritualizante. Lemos a Bíblia, mas mantemos os olhos fechados para a revelação a que as narrativas dos evangelhos parecem dar maior ênfase – que, incrivelmente, inquietantemente. Jesus exercia (e portanto enxergava) a sua espiritualidade na esfera do toque, da visão, da companhia, da presença, do sabor, da voz, dos elementos, da comida, da natureza, do abraço.

A nota central dos evangelhos está em que Deus fez-se, formidavelmente, carne. Submeteu-se voluntariamente ao sangue, ao envelhecimento, ao suor, à bílis, aos gases, à urina, ao sêmen, à saliva,
às fezes. Submeteu-se ao hálito de outros, ao toque de estranhos, ao abraço de amigos, ao açoite de antagonistas.

Deus fez-se carne. Em absoluto contraste com ele, tudo que fazemos como cristãos, tudo com que nos ocupamos e rotulamos de espiritualidade, é para disfarçar a carne que somos. Jesus aprendeu a viver na carne e mostrou notável desenvoltura dentro dela; em contraste com ele, sentimos que a carne nos incomoda, nos constrange, nos envergonha.

A carne é embaraçosa. Vivermos constantemente sujeitos à doença, à fome, à dor, à solidão, à decrepitude, ao ciclo digestivo, à morte e outras vergonhas inerentes à nossa condição pode produzir em nós uma implacável ojeriza contra a carne. Nosso escape para esse fastio, somos levados comumente a crer, está na espiritualidade convencional – espiritualidade que é forjada para demonizar o corpo e seus embaraços e pregar que Deus só pode ser experimentado nas esferas supostamente superiores da mente, do escape da realidade, dos olhos fechados, da privação dos sentidos.

De fato cremos que o momento espiritual acontece enquanto o orgão está tocando; a pizza que virá depois não é espiritual. Orar antes de dormir é espiritual, levar o lixo para fora não. O côro da igreja é espiritual, o samba que você assobia enquanto lava a louça não. Dar o dízimo é espiritual, oferecer a alguém um chiclete não. Ler a Bíblia para o velho cego é espiritual, dar-lhe banho não. A vida devocional dos namorados é espiritual, seu beijo não.

Jesus, estou crendo, apostaria no contrário em cada um desses casos. Estou cada vez mais convencido, com Jacques Ellul, que a revolução espiritual é mais material, mais palpável em seu caráter do que qualquer outra.

Jesus não ignorava os embaraços da doença, da fome, da dor, da solidão, da decrepitude, da morte, do ciclo digestivo; muitos desses atingiram-no em cheio na própria carne. Ao contrário de nós, no entanto, Jesus não buscava refúgio dessas coisas num mundo dos espíritos à prova de constrangimentos. Ele não caía na tentação da espiritualidade convencional e isso, aparentemente, é o que mais teimamos em não aprender com ele."

Trecho de Em Seis Passos o que Jesus faria de Paulo Brabo

domingo, 26 de junho de 2011

E as minhas Boas-Novas?

Percebi hoje que um dos piores efeitos colaterais do distanciamento que os cristãos têm tomado dos ensinos de Cristo não é fora de mim, é dentro. Ele tem enfraquecimento às boas-novas para minha vida pessoal. Percebi isso após iniciar uma leitura do evangelho de Matheus, em busca da visão de Cristo de Shusaku Endo, descrita no livro Alma Sobrevivente. Esse Jesus descrito por Shusaku eu já vi meio embaçado, precisava clareá-lo e verificar o quanto é verdadeiro para mim.

Ao iniciar minha leitura estava com sede de encontrar o Jesus humano, amoroso, misericordioso, compreensivo com os humildes, o homem que me inspira a viver de modo digno, a buscar algo além do conforto, da disciplina moral, do ajuste social, da aceitação pessoal e ministerial... Enfim, buscava inspiração do Espírito capaz de levar-me além de tudo que é passageiro e cessará com minha morte.

A leitura começou bem com a genealogia de Jesus pelo lado de José. É bom ver Matheus apresentar a ascendência de Jesus pelo lado do pai e não de Maria. Mostrar o parentesco de Raabe e Betseba, mulheres que não se encaixam no perfil de perfeição da época. Segui com a meditação sobre a generosidade de Jesus, permitindo-se nascer em pobreza, dificuldade, perseguição, quando na verdade ele é o próprio Deus, criador. Sua humildade ao ser reconhecido por João Batista, não negando quem era, mas afirmando que ele mesmo está embaixo de uma autoridade maior. Inspirador.

Foi quando comecei a ler sobre o ensino de Jesus que senti os efeitos colaterais que falei anteriormente. A cada exortação de Cristo eu me lembrava de líderes que se encaixam perfeitamente na descrição que Jesus fazia dos hipócritas. Homens ricos de espírito, que não choram pelo próximo, ávidos por uma briga, injustos, sem misericórdia, com coração impuro, perseguidores dos fracos. Isso só nas “bem-aventuranças”, que tratam conceitos do interior humano. Quando passei para a outra parte que a coisa ficou feia! Reconciliar com o irmão? Não lembro se já vi um líder fazer isso. Cobiçar a mulher do próximo? Isso eu já vi algumas vezes, bem como dar “carta de divórcio”. Em compensação dar a mais do que o pedido; poucas vezes. E quando Jesus fala sobre vários exemplos de exercer “justiça” publicamente para receber a admiração dos homens? Aiaiaiaiai! Veio a mente desde pastores conceituados, orando e “curando” lindamente em público, como pastores de pequenas congregações e grupos underground fazendo marketing de seus “grandes feitos” pelo Face, Orkut e Blogs. Só o fato de fazer marketing já é lamentável e se encaixa direitinho na repreensão de Jesus, o pior é que alguns relatos são mentiras deslavadas.

De alguma forma me senti privado das minhas boas-novas. Aquelas que batem forte dentro do peito, fazem lembrar Cristo, rever as próprias limitações e ter esperança que a vida é muito mais que coisas terrenas e passageiras. A última coisa que gostaria é ter essas pessoas como companheiras quando busco minhas boas-novas. Sem que eu percebesse isso se tornou comum em minha vida. Quem sabe devido à leitura de blogs apologéticos, que se levantam em defesa do “verdadeiro cristianismo”. Ou talvez por experiências com pessoas, que se diziam comprometidas comigo, mas quando chegou o momento de mostrar o compromisso fugiram, fazendo justamente tudo quanto condenavam abertamente. Não sei e no momento isso não importa. O que preciso é expulsar esses intrusos; indesejáveis que a meu convite entraram em minha vida íntima e roubam meu pão.

Estou fechando essas portas, iniciando o penoso trabalho de colocar os intrusos para fora e recuperar minhas boas-novas. Vou guardar para eles o mesmo espaço que Jesus guardava: fora de sua vida íntima e no centro de suas críticas abertas à hipocrisia. Vai ser uma luta ferrenha e silenciosa. Espero que nessa luta Deus continue me incomodando, me dando a fome necessária para que eu não me contente com bolotas de porcos, que muitos tem comido e chamado de alimento espiritual. Afinal, é pela fome de comida verdadeira servida pelo Pai, que não posso me contentar nem com porcarias, nem com privação.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sexo e cristianismo

Quebro esse período de afastamento do blog para escrever sobre esse tema que surgiu no grupo Igrejas Alternativas do Facebook. Como troll moderado que sou, acho que a brincadeira, se bem direcionada gera amizades e descobre afinidades. Logo uso o grupo para me divertir e manter contato com amigos, tem sido ótimo! No entanto para escrever algo sério o espaço do Face foi pouco...

Sexo e afetividade
Acredito em um Deus generoso que nos presenteia com prazeres que dão cor a nossa existência. O sexo é um deles. Entretanto, parece que o uso desses prazeres de forma desenfreada e sem direção traz dano ao corpo e alma do ser humano. A minha impressão é que cada prazer está associado e uma necessidade física, mental ou emocional. O prazer sexual está ligado a necessidade de afetividade, assim como o paladar a necessidade de alimentar ao corpo. Já ouvi relatos de adeptos do sexo casual e segundo eles o maior prazer não é o coito, mas a sensação de ser querido, desejado e dominar o sexo oposto.

Observando pessoas envolvidas em um meio onde o sexo casual é aceito e às vezes incentivado, a impressão é que existe uma necessidade de aumentar a dose de extravagância para atingir o mesmo nível de satisfação. Incluo também pessoas adeptas a pornografia, que a cada dia buscam imagens mais radicais. Alguns perdem emprego, família e às vezes, a dignidade.

Portanto, me parece que o sexo que faz bem é o proporciona não apenas o prazer sensual (dos sentidos), mas também o prazer afetivo. Todo o ser humano, independente da fé, necessita ser amado e ter um relacionamento especial com o sexo oposto. Se você não tem interesse em meditar sobre Deus, seu caráter; sobre a vida de Jesus, pode para por aqui e tenha uma vida feliz!

Sexo e cristianismo
Ao falar sobre sexo e cristianismo a abordagem muda de foco. A ótica não é mais centrada somente no ser humano e em como usar o prazer sexual para uma vida sadia, mas em entender o que Deus tenta comunicar com o prazer e a privação do mesmo. Uma das marcas populares do cristianismo são suas leis, que impedem o pleno aproveitamento dos prazeres disponíveis. Por quê? Acredito que uma parte dos cristãos obedece sem meditar seriamente no motivo, outra parte desobedece e diz que obedece e outra parte tenta mudar as leis para que se adéquem ao seu estilo de vida.

Não tenho a intenção de exaurir o assunto ou trazer a plena verdade, mas desejo compartilhar uma meditação. Ao estudarmos os ensinos de Jesus expressos nos evangelhos, poucos deles nos trazem satisfação natural. Quem está cheio de vontade de amar o inimigo? Quem se alegra em dar a outra face ao ser ferido ou humilhado? Quem se satisfaz em dar esmola a todo aquele que pede? E ainda: quem está ansioso para assumir uma relação com outra pessoa até que a morte os separe, e ainda ter nessa pessoa sua única fonte de prazer sexual?

Qual é a intenção de Deus, que nos presenteia com prazeres sublimes e coloca regras para usufruí-los? Acredito que esse é o centro da questão. Se olharmos apenas pela ótica humana e natural, não faz sentido. Líderes tentam mostrar as vantagens da santidade e os castigos que recebem os que não a seguem. Balela! Uma pessoa que nunca se preocupou com o evangelho, teve uma vida focada em sua satisfação pessoal, manteve vários parceiros sexuais, pode morrer velha, rica e feliz, enquanto um crente fiel pode fazer uma transfusão de sangue, pegar AIDS e morrer com a doença que dizem que é castigo de Deus para os chamados imorais. Qual o benefício nisso?

Outra explicação comum é a vida eterna. Oh, delícia, receber após a morte um galardão, que ninguém sabe de fato o que significa e morar no paraíso. Por isso sim, vale a pena negar os prazeres, pois estou de olho na recompensa futura e quando lá chegar irei tripudiar dos infiéis que se esbaldaram em seus prazeres. É isso? Se essa for a única motivação estamos falando de um negócio: não uso disso, para depois usar daquilo. Também não explica o fato de Deus, em sua infinita sabedoria, graça e amor, ter feito os prazeres para se tornar nossa pedra de tropeço.

O ponto central que vejo nos ensinos de Cristo é que Ele ensina aquilo que viveu. Ele amou os inimigos, deu a outra face, deu esmolas, atendeu a todos os pedintes, obedeceu ao Pai em tudo, foi humilde podendo ser arrogante, foi servo podendo ser rei, foi pobre podendo ser rico, deixou toda sua fortuna (um valor inestimável) e veio viver conosco; como homem. Chega a beirar o absurdo! Vamos pensar: haveria prazer em Cristo se descesse da cruz quando fustigado a fazê-lo? Decerto que sim. Haveria satisfação em dominar os hipócritas, vencer os exércitos e tomar o governo a força? Inevitavelmente! Ou não? Uma coisa é certa: se haveria prazer e Ele não fez, podendo fazer, não se parece comigo, pois eu faria. Se não haveria prazer em fazer, se parece menos ainda comigo, pois eu acho que seria um prazer imensurável dar uma lição nos hipócritas e em Roma.

Não seriam então os ensinos de Cristo focados em nos fazer como Ele e o Pai e não na negação dos prazeres para recebermos recompensas? Uma mudança sutil? Não creio. E se para sermos transformados necessitamos possuir uma minúscula amostra do poder do Pai, para que negando seu uso possamos ser transformados a semelhança daquele que nos criou, que pode tudo e não o faz? O foco então é SER como Ele, não TER algo Dele. Loucura?

Pode homens e mulheres comuns desejarem ser como Deus? Adquirir seu caráter, se parecer com Ele? Qual o preço disso? Tenho para mim esse é o centro do evangelho, isso me motiva a continuar admirando Deus, Jesus, o Espírito. Enxergar seu caráter, sua vida, sua natureza, nas palavras escritas, santificadas ou não, nos livros, nas pregações. Porções de Deus ministradas por pessoas imperfeitas como você e eu. Que em um momento, no monte são instrumentos vivos do Espírito e na sequência pedra de tropeço para o mestre e instrumento de satanáz.

Ao pensar em Deus, seu caráter e natureza, não tenho nenhuma dúvida de que Ele é homem de apenas uma mulher, fiel e capaz de se entregar por ela. Para mim, tenho provas suficientes de seu amor, aceitação, perdão e fidelidade. Ele aguarda sua noiva e irá desposá-la, enquanto isso permanece santo, independente da postura de sua amada. Poderia simplesmente destruir tudo, separar-se da criação e arrumar outra. Ou mesmo fazer outra, agora perfeita, sem repetir os erros da primeira, e adulterar com ela.

Portanto, com todas as minhas forças, quero ser como Ele: fiel, perdoador, homem de uma única mulher, que zela e cuida sendo capaz de morrer pela amada sem titubear. Encontrar no sexo mais do que um prazer sensual ou uma ligação afetiva, mas a celebração de uma aliança, de uma união que só a morte pode separar. Acredito que todos que confessam o nome de Cristo devem levar essa marca. Vejo que as palavras de Jesus sobre o assunto, retratadas por Matheus, Marcos e Lucas, bem como a inspiração de Paulo ao escrever sobre o tema refletem esse caráter, essa inspiração divina.

Para finalizar, no dia 18 de junho deste ano celebro 17 anos de casamento, e agradeço ao meu bom Deus que permitiu que eu casasse com esse desejo, de ser como Ele. Por isso hoje posso celebrar com minha esposa e filhos, como família.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mr. Catra e seus amores

Acabei de ver um debate deprimente. Um tal de Catra, que eu nunca tinha ouvido falar, soltou varias bobagens em rede nacional e ninguém foi capaz de deter tamanho absurdo. Foi uma sessão de desrespeito a nossa sociedade, ao gênero humano, aos homens e mulheres. A idéia central do Catra é que todo homem, por natureza, não contém seus instintos sexuais e reprodutivos. Ou seja, homem que é homem tem que ter mais de uma mulher, senão é homossexual (ou viado, como ele esbravejou diante das câmeras). A mulher, no entanto, é sagrada, deve ser apenas de um homem.

A idéia começa com o desrespeito a nossa sociedade, que cada dia mais condena a relação poligâmica masculina, pelo simples fato de ser um desrespeito ao gênero feminino, um pensamento retrógrado, ultrapassado e inculto. Engraçado que apesar de alegar publicamente que todos os homens traem e ele mesmo ser infiel sexualmente, o tal do Catra ainda pedia para ser respeitado. Não respeita suas companheiras, não respeitou as mulheres presentes e difamou todo o gênero masculino, comparando-o com animais.

Pior ainda é quando a comparação não tem lógica alguma. Segundo o nosso filósofo poligâmico, os machos das espécies têm o instinto de copular com várias fêmeas, e as fêmeas com apenas um macho. Assim ele atesta que entre os seres-humanos acontece da mesma forma. Só para começar, tanto os machos como as fêmeas no reino animal são poligâmicos, salvo raras exceções. Foi citado o touro e as vacas (meu Deus que absurdo nos comparar com bovinos!!!). Além da comparação ser completamente imbecil, temos que lembrar que a vaca, em sua vida certamente é fecundada por mais de um touro, a não ser que não tenha oportunidade devido a interferência humana. Só isso já joga por terra todo esse argumento absurdo! Se pensarmos assim, no mínimo as mulheres deveriam seguir seus instintos e terem vários homens. Mas isso, como todo fundamentalista machista, ele não aceita. Nem para suas companheiras (que chama de amores), nem para suas filhas. No entanto os filhos devem são ensinados a seguir a “macheza” do pai. Essa dominação é antiga.

Não podemos esquecer que comparar o ser humano com demais animais é no mínimo burrice. Se você crê em Deus, como aceitar que o ser criado à imagem de Deus é comparável com os demais animais? Se não crê, como negar os milhões de anos de evolução, que nos diferencia das demais espécies? Sabemos que temos muito mais do que instintos, podemos decidir, negar nossos instintos, renunciar, pensar e avaliar, com essas capacidades respeitar o próximo. A diferença do pensar e decidir que nos faz sermos fiéis, amar e viver com um único parceiro, respeitando-o de fato. Se fossemos viver apenas por instintos mataríamos quem nos ameaçasse, defenderíamos nossos interesses com violência (aliás, algumas vezes o Catra e sua companheira presente deram sinais que não estavam conseguindo conter seus instintos animais e perdiam as estribeiras, partindo ora para a violência gestual e verbal, ora para uma apelação emocional sem sentido). É lógico que as companheiras de Catra não o traem não pelo fato de serem mulheres, mas porque decidiram não trair. Elas têm seus interesses. Assim como o próprio Catra poderia decidir não trair e ser fiel a uma delas. A decisão e fidelidade não é característica inerente apenas ao gênero feminino.

Não posso deixar de citar a postura vergonhosa de um cantor sertanejo que participou do debate. Um bajulador de marca maior. Eu, que estava vendo a palhaçada na TV, tive vergonha da subserviência desse sertanejo, querendo de todo jeito agradar ao amigo poligâmico, mesmo que isso implicasse em fazer de conta que concordava com tudo que era dito. O cara estava com a esposa no palco, que lástima. Acho que essa mulher deve estar até hoje obrigando esse calça frouxa a dormir no sofá. Se não está, deveria.

Para terminar quero deixar claro que não tenho nada a ver com a vida do Catra e de suas companheiras. Se ele decidiu viver em poligamia e se seus “amores” aceitam esse comportamento o problema é único e exclusivo deles. É a vida que escolheram. Agora é impossível se calar diante de um sofisma, defendido com argumentos fantasiosos, sem nenhum embasamento lógico ou científico e totalmente contrário a tudo que a sociedade tem se esforçado em mudar e se redimir. Liberdade para viver essa vida, com certeza o Catra e suas companheiras têm (se é que isso não é crime no Brasil). Entretanto defender essa idéia com esses argumentos, me ofender junto com milheres de pais de família monogâmicos, dizendo que por sermos homem somos obrigados a sermos infiéis, como falei no início é um desrespeito a nossa sociedade, ao gênero humano, aos homens e mulheres.

Será que estou louco?

O engano do “ide e fazei discípulos”

Não vou abordar os eventos históricos que culminaram em uma visão equivocada sobre o que chamamos de “ A Grande Comissão”. A intenção aqui é...

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