quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mr. Catra e seus amores

Acabei de ver um debate deprimente. Um tal de Catra, que eu nunca tinha ouvido falar, soltou varias bobagens em rede nacional e ninguém foi capaz de deter tamanho absurdo. Foi uma sessão de desrespeito a nossa sociedade, ao gênero humano, aos homens e mulheres. A idéia central do Catra é que todo homem, por natureza, não contém seus instintos sexuais e reprodutivos. Ou seja, homem que é homem tem que ter mais de uma mulher, senão é homossexual (ou viado, como ele esbravejou diante das câmeras). A mulher, no entanto, é sagrada, deve ser apenas de um homem.

A idéia começa com o desrespeito a nossa sociedade, que cada dia mais condena a relação poligâmica masculina, pelo simples fato de ser um desrespeito ao gênero feminino, um pensamento retrógrado, ultrapassado e inculto. Engraçado que apesar de alegar publicamente que todos os homens traem e ele mesmo ser infiel sexualmente, o tal do Catra ainda pedia para ser respeitado. Não respeita suas companheiras, não respeitou as mulheres presentes e difamou todo o gênero masculino, comparando-o com animais.

Pior ainda é quando a comparação não tem lógica alguma. Segundo o nosso filósofo poligâmico, os machos das espécies têm o instinto de copular com várias fêmeas, e as fêmeas com apenas um macho. Assim ele atesta que entre os seres-humanos acontece da mesma forma. Só para começar, tanto os machos como as fêmeas no reino animal são poligâmicos, salvo raras exceções. Foi citado o touro e as vacas (meu Deus que absurdo nos comparar com bovinos!!!). Além da comparação ser completamente imbecil, temos que lembrar que a vaca, em sua vida certamente é fecundada por mais de um touro, a não ser que não tenha oportunidade devido a interferência humana. Só isso já joga por terra todo esse argumento absurdo! Se pensarmos assim, no mínimo as mulheres deveriam seguir seus instintos e terem vários homens. Mas isso, como todo fundamentalista machista, ele não aceita. Nem para suas companheiras (que chama de amores), nem para suas filhas. No entanto os filhos devem são ensinados a seguir a “macheza” do pai. Essa dominação é antiga.

Não podemos esquecer que comparar o ser humano com demais animais é no mínimo burrice. Se você crê em Deus, como aceitar que o ser criado à imagem de Deus é comparável com os demais animais? Se não crê, como negar os milhões de anos de evolução, que nos diferencia das demais espécies? Sabemos que temos muito mais do que instintos, podemos decidir, negar nossos instintos, renunciar, pensar e avaliar, com essas capacidades respeitar o próximo. A diferença do pensar e decidir que nos faz sermos fiéis, amar e viver com um único parceiro, respeitando-o de fato. Se fossemos viver apenas por instintos mataríamos quem nos ameaçasse, defenderíamos nossos interesses com violência (aliás, algumas vezes o Catra e sua companheira presente deram sinais que não estavam conseguindo conter seus instintos animais e perdiam as estribeiras, partindo ora para a violência gestual e verbal, ora para uma apelação emocional sem sentido). É lógico que as companheiras de Catra não o traem não pelo fato de serem mulheres, mas porque decidiram não trair. Elas têm seus interesses. Assim como o próprio Catra poderia decidir não trair e ser fiel a uma delas. A decisão e fidelidade não é característica inerente apenas ao gênero feminino.

Não posso deixar de citar a postura vergonhosa de um cantor sertanejo que participou do debate. Um bajulador de marca maior. Eu, que estava vendo a palhaçada na TV, tive vergonha da subserviência desse sertanejo, querendo de todo jeito agradar ao amigo poligâmico, mesmo que isso implicasse em fazer de conta que concordava com tudo que era dito. O cara estava com a esposa no palco, que lástima. Acho que essa mulher deve estar até hoje obrigando esse calça frouxa a dormir no sofá. Se não está, deveria.

Para terminar quero deixar claro que não tenho nada a ver com a vida do Catra e de suas companheiras. Se ele decidiu viver em poligamia e se seus “amores” aceitam esse comportamento o problema é único e exclusivo deles. É a vida que escolheram. Agora é impossível se calar diante de um sofisma, defendido com argumentos fantasiosos, sem nenhum embasamento lógico ou científico e totalmente contrário a tudo que a sociedade tem se esforçado em mudar e se redimir. Liberdade para viver essa vida, com certeza o Catra e suas companheiras têm (se é que isso não é crime no Brasil). Entretanto defender essa idéia com esses argumentos, me ofender junto com milheres de pais de família monogâmicos, dizendo que por sermos homem somos obrigados a sermos infiéis, como falei no início é um desrespeito a nossa sociedade, ao gênero humano, aos homens e mulheres.

Será que estou louco?

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