segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Violência (só) nas escolas?


Na semana passada eu soube de mais um caso chocante: um menino de 10 anos atira em professora e se mata. Lendo a matéria em um portal deparei-me com a seguinte chamada: 

Relembre alguns casos de 2011
22.set - Aluno atira em professora em São Caetano do Sul e se mata
20.set - Adolescente é esfaqueada dentro da escola em Belém
9.set - Aluno é flagrado com revólver dentro da sala de aula em João Pessoa
26.ago - Vídeo mostra aluno chutando diretora de escola em Minas
22.jun - Estudante é esfaqueado após briga em escola na Paraíba
7.abr - Homem invade escola, atira contra alunos e mata 11 crianças no Rio de Janeiro

A matéria falava sobre uma reforma na educação, onde as escolas, como instituições e os professores como agentes de educação deveriam estar preparados para auxiliar os pais na formação de seus filhos. Bom, não posso dizer que discordo totalmente desse caminho, afinal, as criança, de modo geral, passam de 4 a 5 horas em contato com os professores no ambiente escolar. De toda forma, como pai de 2 garotos, fiquei perturbado com essa tragédia. Quando temos afinidades com algo, sempre sentimos o baque mais forte. Será que o maior problema está só na escola, nos professores e nos pais?

Pensando um pouco mais sobre o caso fiquei alarmado. O que são as crianças senão o reflexo de toda a nossa estrutura social? Existe todo um debate se jogos violentos afetam negativamente as crianças e as motivam a matar. Lembrei-me de quando era criança. Não existia a Internet, mas era muito “legal” ver imagens bizarras de pessoas mortas em jornais populares, saber de fatos chocantes pelos telejornais, ver pessoas atropeladas. Despertava a curiosidade. Parece que o bizarro atrai a atenção, não só das crianças, sejamos francos.

Bom, apesar da curiosidade por cenas chocantes a vida em minha infância era formada de muitas outras variáveis. Brincadeiras na casa de amigos que conhecíamos os pais, horas e horas na rua correndo, brincando, brigando e fazendo as pazes. Tinha também as artes com os vizinhos, brincadeiras perigosas com explosivos, furar pneus de carros, furtar chumbinho das rodas para fabricar fichas de fliperama; nem tudo era singelo. Entretanto a vida era plural, cheia de companheiros, de atividades e por bem ou por mal aprendi a respeitar tanto os da minha idade, como os mais velhos.

Hoje percebo em meus filhos e outros adolescentes que o interesse pelo relacionamento pessoal e próximo diminuiu. O fluxo relacional dessa nova geração na maior parte do tempo usa como canal teclado e monitor, o olho no olho tem se tornado raro. No mesmo canal relacional também se encontram informações sobre tudo e todos. Se quiserem saber sobre Adolf Hitler basta uma visita ao Google que encontrarão muitas e muitas informações, sendo grande parte de natureza duvidosa. Com isso não é mais necessário mais se construir conhecimento, questionar a fonte, filosofar com amigos o rumo do mundo. Está tudo pronto, de fácil acesso e de mais fácil ainda digestão.

Voltando aos jogos violentos arrisco dizer que eles sozinhos não são capazes de influenciar uma criança ou adolescente a matar. Entretanto, pensando em outras variáveis presentes na vida de uma criança ou adolescente normal, o que mais existe? Onde eles aprendem a respeitar os adultos? Onde aprendem a relacionar com um amigo cheio de emoção, de paixão, de raiva, de ira? Onde aprendem a conter a própria fúria e a decepção? Não são a maior parte dos relacionamentos construídos de forma virtual? Como aprender a se compadecer de alguém que sofre por uma paixão não correspondida, por uma ameaça ou surra que levou de outro mais forte? Ou será que os emoticons podem transmitir esses sentimento? 

Aninha diz: Miguxa terminei com meu namorado, to mals... =’(
Bia_Loirinha: O miga, fica assim não, fica feliz =D

Existe época de relacionamentos mais intensos que a pré-adolescência e a própria adolescência? Época de maior busca por informações e por romper com conceitos pré-estabelecidos? E o que fazemos para responder a essa fase, tão importante e marcante?

Juntamos o baixo nível de relacionamento pessoal e envolvimento emocional entre as crianças e adolescentes com o entretenimento moderno, em sua maior parte composto por games e filmes de violência extrema e fotos, vídeos bizarros da Internet (e olha que adolescente adora isso), adicionamos uma boa medida de realidade com informações sobre guerras, atentados, relatos e comemorações de mortes “lícitas” causadas por militares em defesa da “lei e da ordem”, noticiários populares que exploram a bizarrice. Colocamos tudo isso, que chamamos de lazer, entretenimento e realidade, em um liquidificador e fazemos a vitamina com a qual é alimentada a mente de nossas crianças, adolescentes e jovens. 

Por fim, quando os indícios que as coisas não estão indo bem começam a aparecer, algumas mentes brilhantes, no entanto simplistas, dizem: precisamos melhorar a escola... 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Noiva ou prostituta

Todos passamos por momentos de crise na fé. Alguns acham bonito ostentar uma aparência de super-espiritual, uma pessoa acima das lutas e dúvidas dos seres humanos comuns. Não oram como o fariseu que Jesus exemplificou orando de modo negativo (seria dar muito na cara), mas em pensamento e nas intenções fazem o mesmo diariamente. Se achar melhor está cada vez mais ligado a nossa sociedade competitiva, nos super-crentes já é uma união simbiótica.

Entretanto, lembrei-me hoje de uma pessoa espiritual. Ele chegou a um ponto da espiritualidade que perdeu a vergonha de ser apenas humano, frágil, cheio de sentimentos e emoções. Tenho a honra de tê-lo como um amigo de muitos anos; de termos compartilhado diversos momentos importantes de nossas vidas. Um dia, após uma grande decepção, ele me confidenciou algo mais ou menos assim: Amo Jesus, mas odeio a igreja. Ela é uma linda prostituta, louca para se vender para o primeiro com a carteira gorda que aparecer e desfrutar com ele de todos os prazeres que o dinheiro pode proporcionar.

Sabendo da luta que ele passara foi normal eu ter pensado que era "apenas" o resultado de sua decepção, afinal não foi fácil a luta que teve de enfrentar. Gostaria de dizer-lhe algo que lhe ajudasse, que funcionasse como uma tábua onde sua fé pudesse escorar até Deus trazer terra firme. O que eu lhe disse foi: meu irmão, você está olhando para a mulher errada, a igreja continua linda e imaculada, mas é tímida, quase não aparece. A mulher das multidões, que vemos a todo momento na mídia, nos eventos, é a prostituta, buscando seus amantes.

O tempo passou; três ou quatro anos desde esse dia. Posso dizer que meu amigo chegou à margem, são, salvo, de bem com a fé, com Deus e com a Igreja. Sua vida mudou profundamente após essa experiência e arrisco dizer que ele nunca mais vai ajudar uma prostituta na busca por amantes. Minha vida também mudou nesse mesmo intervalo de tempo, novos projetos, novos amigos, novos sonhos. Continuo jogando as tábuas e ajudando a cuidar da menininha que amo, até que se torne a moça tímida chamada Igreja. E ai, me ajuda a cuidar?

domingo, 11 de setembro de 2011

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
             
Há muito tempo não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
             
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.
             
Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.
             
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
             
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
             
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
             
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
             
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
             
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.
             
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
             
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os "heróis" protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
             
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
             
Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
             
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
             
  Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
             
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
             
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
             
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
             
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
             
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
             
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
             
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
             
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.



SOBRE O AUTOR




Antonio Barreto 

Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara/Bahia-Brasil.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.

Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.

Vários trabalhos em jornais, revistas e antologias, tendo publicado aproximadamente 100 folhetos de cordel abordando temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.

Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.

O engano do “ide e fazei discípulos”

Não vou abordar os eventos históricos que culminaram em uma visão equivocada sobre o que chamamos de “ A Grande Comissão”. A intenção aqui é...

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