terça-feira, 28 de maio de 2013

Igreja, o corpo de Cristo

O CORPO DE CRISTO

A estrutura das igrejas locais relatadas no Novo Testamento se assemelha muito mais a uma família do que uma organização religiosa. As reuniões eram mais voltadas a uma vida em comum do que cumprir metas, mesmo se pensarmos em metas “espirituais” como evangelismo, libertação e crescimento cristão. Os irmãos normalmente faziam parte de um lar específico e ali compartilhavam suas vidas e buscavam ao Pai como um corpo.

“Saudai a Priscila e a Áqüila, [...]. Saudai também a igreja que está em sua casa.” Rm.16:3;5

“E à nossa amada Afia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua casa” Fp.1:2

“Saúda-vos Gaio, meu hospedeiro, e de toda a igreja.” Rm.16:23

“As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Áqüila e Priscila, com a igreja que está em sua casa” ICo.16:19

“E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,” At. 2:46

“E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.” At. 4:32

“Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.” Jo.17:23

A organização das igrejas era muito mais voltada à comunhão, serviço mútuo e serviço ao próximo do que organização de eventos. Assim como em uma família, alguns papéis eram claramente estabelecidos com vista ao crescimento saudável e conjunto de toda a congregação. Diferente de uma estrutura piramidal, a organização de corpo só funciona se cada parte realizar o seu trabalho. Como no nosso corpo, se um dos membros não cumprir a sua função teremos dificuldade de realizar algumas tarefas. Na estrutura piramidal apenas alguns membros tem que funcionar, o restante é ouvinte. No último caso não existe importância caso o crescimento não seja uniforme, pois os membros são independentes entre si, mas no corpo todos devem crescer juntos. Já imaginou um corpo que um braço cresce mais do que o outro, ou cada dedo cresce até onde desejar? Seria um corpo disforme. (Ef.4)

CORPO
ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA
Reuniões no estilo família
Reuniões no estilo palestra
Busca de Deus na comunhão
Busca de Deus na individualidade
Crescimento em conjunto e humildade
Crescimento individual e astros da fé
Organismo vivo
Organização piramidal
Estrutura serve as pessoas
Pessoas servem a estrutura
Tratamento individual
Tratamento coletivo

ODRES A SERVIÇO DO VINHO

O que é mais importante: o odre ou o vinho? Na parábola de Jesus, Ele dá a dica para ambos se conservarem (Mt.9:17; Mc2:22; Lc.5:37), mas fato é que o odre existe em função do vinho. Sem vinho não tem necessidade de odre, pois ele existe apenas para guardá-lo. Assim é com relação a igreja. O vinho é a vida do corpo, a operação do Espírito Santo em cada membro e o odre é a estrutura necessária para que essa vida não se perca. A estrutura deve servir os irmãos e crescer de acordo com o crescimento da congregação. Não é sábio colocar vinho novo em odre velho.
Como esse material é específico para tratar a organização da nossa igreja local em outubro de 2009, não irei abordar os ministérios específicos, dons e serviços do Corpo, mas a estrutura mínima, o odre que devemos estabelecer para dar suporte ao vinho novo que o Senhor tem derramado sobre nós.

GRUPOS DE DISCIPULADO

O discipulado foi a forma que Jesus utilizou para ensinar seus discípulos. No discipulado Jesus pode transmitir não apenas estudos, mas sua vida. Ele ensinava como praticar os valores do Reino como o amor, perdão, serviço, amizade, santidade com a sua própria vida não com estudos seriados. O trabalho de Jesus não era informar seus discípulos, mas formar o caráter pela palavra e o exemplo (palavra encarnada).

Quando somos chamados para viver em igreja nos tornamos participantes dessa vida e devemos estar prontos para servir aos irmãos através do discipulado. Para isso devemos olhar para Jesus e entender qual é a natureza desse relacionamento, para não humanizarmos nem hierarquizarmos a igreja:

1. Para discipular Jesus tornou-se servo

O discipulado não é uma função hierárquica, mas um serviço que um irmão em amor presta a outro irmão (ver Fp.2:5-8). Para cuidar de alguém é preciso ser SERVO. Quando os discípulos discutem quem deles seria o maior, Jesus não repreende o desejo de ser grande, mas explica como no Reino funciona a grandeza: O maior é aquele que serve a todos. Aquele que pode edificar por ter recebido algo de Deus tem a responsabilidade de dar o que recebeu em amor e serviço a seu irmão (ver Lc.22:24-27). Essa é a missão daquele que discípula: servir a seu irmão em amor, para que ele cresça e dê frutos.

2. Jesus ensinava com a sua vida, se comprometia totalmente

O discipulado era um compromisso de “misturar” vidas. Jesus não tinha apenas encontros marcados com seus discípulos para ensiná-lo, mas misturou sua vida com a deles possibilitando que os discípulos vissem como Jesus vivia as verdades do Reino. Eles viram Jesus lidar com Deus, inimigos, religioso, família, milagres, dúvida, lutas, demônios. Depois de viverem com Ele por 3 anos e meio foram capazes não apenas de ensinar, mas de viver o evangelho e motivar outros a fazerem o mesmo.

3. O discipulado é para envio e boas obras

A missão de Jesus com seus discípulos não era tê-los a seu lado para sempre. Ele desejava que eles crescessem a cada dia e se tornassem não apenas servos, mas amigos e conhecessem tudo quanto se passava nem seu coração (Jo.15:15). Então Jesus os enviou para multiplicar a vida do Reino e promete que eles fariam obras ainda maiores, pois teriam a ajuda do Espírito Santo. A meta do discipulado é apresentar cada discípulo ao Pai para crescimento e enviá-lo a multiplicar a graça recebida. Devemos nos alegrar com o crescimento dos discípulos e não sermos empecilho para a obra de Deus em suas vidas.

GRUPOS DE EDIFICAÇÃO MÚTUA


A edificação mútua aparece no Novo Testamento inúmeras vezes (ver Rm1:12; Rm.14:19; Rm.15:2; ICo.12:25; ICo.14:26; Ef.4:16; Its.3:12; IITs.1:3; IPd.5:5). Na edificação mútua a igreja funciona como Corpo, cada membro cumprindo seu papel, crescendo em unidade e amor. É um erro crermos que apenas os líderes oram, trazem palavra e cultivam uma vida diante do altar de Deus. Ao cultivar um ambiente de confiança e liberdade crescemos em compromisso e comunhão e usamos nossos dons e talentos em favor da igreja.

Nos grupos de edificação mútua todos têm liberdade de exerceu seu papel como parte do corpo e até mesmo errar, pois assim crescemos e aprendemos a usar os dons que recebemos. Podemos ver exemplos dos discípulos de Jesus, ao ficarem a sós terem atitudes contrária ao Reino, mas isso fez parte ao aprendizado (ver Lc.9:52-55; Mc.9:38-39). Para crescermos como corpo precisamos:

1. Ser transparente e verdadeiro

Para ficarmos disponíveis a edificação mútua precisamos ser transparentes e verdadeiros com os irmãos que fazem parte de nosso grupo. Não é possível edificarmos um relacionamento de comunhão se escondemos quem somos, o que pensamos e o que fazemos. Só podemos ser edificados se permitirmos relacionamentos de intimidade (IJo.1:7).

2. Sempre desconfiar bem dos irmãos

Nos relacionamentos próximos é muito fácil magoarmos ou sermos magoados. Isso não acontece em relacionamentos distantes, pois não há intimidade suficiente e as expectativas são menores. Portanto necessitamos transformar a nossa mente pela palavra para amarmos os irmãos. As características do amor que são essenciais para os relacionamentos de edificação mútua são: não suspeitar mal, tudo sofrer, tudo esperar e tudo suportar (ver ICo.13). Não podemos impor nosso ritmo de crescimento ao nosso irmão até porque em cada área que achamos que ele não cresceu temos também áreas em nossas vidas que necessitamos de crescimento. Devemos seguir a verdade em amor e ajudar aos irmãos a crescerem verdadeiramente em Cristo e isso leva tempo (Ef.4;15). Não adianta somente a verdade, precisamos seguir a verdade em amor.

3. Perdoar sempre

Quanto maior é a ofensa de um irmão contra outro maior é a necessidade de perdão. Muitas vezes justificamos a falta de perdão pela gravidade da falta contra nós, mas as maiores faltas são aquelas que necessitam mais imediatamente do perdão e restauração do Espírito. A ofensa não perdoada pode caminhar para a amargura que contamina a muitos e causa naufrágio na fé (ver Hb.12:15; ITm.1:19). O perdão que recebemos do Pai é de acordo com a medida que liberamos perdão aos outros, portanto perdoe sempre (ver Mt.6:9-12). Não existe nenhum mandamento na palavra para o ofensor buscar o ofendido e pedir perdão, mas existem vários para o ofendido perdoar. Se você deseja viver no corpo e edificar deve perdoar sempre (ver Ef.4.32).

4. Busque oportunidades de estar juntos

Tudo isso não tem sentido se não existe oportunidade de ser praticado. Precisamos fugir da postura de sermos apenas ouvintes. Temos que ter atitude e praticar a palavra; discursos bonitos não servem para nada a não ser inflar o ego do orador (ver Tg.1:22-25). Busque oportunidade de edificar durante seu dia a dia pessoalmente e quando não pude utilize as ferramentas que temos atualmente: telefone, celular, Orkut, MSN, etc... Promova encontros e eventos, cultive amizade e acima de tudo busque oportunidade de servir com seu dom (ver Rm.12).

3 comentários:

  1. Amém e dessa forma sim, seremos o corpo unidos por juntas e ligamentos. Estamos juntos, discípulos do Messias!

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  2. Penso que chegou a hora de um grande mover de Deus na terra, a manifestação dos filhos de Deus,assim conhecereis que sois meus discípulos se vos amares uns aos outros,não existe outro maneira de ser discípulo de Cristo Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.
    Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele:
    aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. Amados, não vos escrevo mandamento novo, senão mandamento antigo, o qual, desde o princípio, tivestes. Esse mandamento antigo é a palavra que ouvistes.
    Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha.
    Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas.
    Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço.
    Vem chegando a hora e já chegou que somente os intrépidos aqueles mesmo em face da morte, não amaram a própria vida, se apossaram da natureza Divina.
    Porque todo aquele que guarda a sua vida para si mesmo perdê-la-á; e todo aquele que perder a vida por mim achá-la-á.
    Somente aqueles que arriscarem suas vidas, colocarem suas vidas a disposição para a
    convivência e o relacionamento com os irmãos; neles é aperfeiçoados o amor de Deus.
    Não existe outro maneira de amamos uns os outros e sermos discípulos de Cristo.


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  3. Estamos passando pelo um momento de transição, Deus está nos tirando de um mover superficial para um mover intenso, de relacionamentos superficiais para uma amor verdadeiros uns com os outros, de uma adoração ritualística para uma vida de adorador, onde a nossa vida se torna a verdadeira adoração.
    Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.


    Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor
    Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós.

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