quarta-feira, 25 de junho de 2014

Não julgueis!

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” Mateus 7:1-2

Não é incomum recebermos esse texto como resposta a alguma crítica que fazemos com respeito ao meio evangélico e, principalmente, aos seus líderes. Bom, já vou começar chutando o pau da barraca: se foi necessário citar esse texto como defesa a alguma coisa dita, ou feita por alguém, é porque o que foi dito ou feito foi uma bobagem sem tamanho! Ninguém reclama quando se “julga” alguma coisa positivamente. Dizer: “Nossa, que palavra abençoada do pastor super ungido” nunca é rebatida com o não julgueis. Entretanto, dizer: “Caracas, quanta bobagem o pastor falou hoje hein?” já é rebatido com Matheus 7 ou pior, 1 Samuel 24:6, para não tocar no ungido do Senhor. Sobre esse último, que é um absurdo, falarei em uma outra postagem.

Então, se foi necessário citar Matheus 7 para cessar o “julgamento”, já é um bom sinal que se fez m...!

Entretanto, vamos entender melhor o que Jesus quer dizer em Matheus 7. Vejamos um exemplo: um sujeito pega, sem autorização, o CD Player de um carro. Eu, como cidadão comum, comparo essa ação com a lei e digo que ele furtou. Então vou e o denuncio. Ele será levado a julgamento e mediante apresentação de provas, com direito à defesa, será condenado ou absolvido por um juiz. Eu o julguei? Não, quem o julgou foi o juiz, pessoa qualificada para tal ação, após ouvir os fatos e considerar a acusação e a defesa. Eu simplesmente denunciei sua obra má, evidenciada por um padrão. Inclusive o juiz poderia absolvê-lo, caso encontrasse razão para tal.

Como pessoas responsáveis, podemos, aliás, devemos, denunciar más ações. Quando falamos com respeito ao Reino de Deus essa responsabilidade é ainda maior. Temos a obrigação de comparar toda palavra e obra com o modelo de vida, que é Jesus. Caso entendamos que não é coerente, temos a obrigação de colocar essa incoerência à luz, para que outros possam vê-la.

Contudo, essa responsabilidade não me dá direito de julgar ou emitir qualquer condenação, afinal, só existe um justo Juiz. Emitir juízo é, por exemplo: fulano certamente vai queimar no fogo inferno, beltrano não é crente, ciclano não é discípulo de Jesus, etc. Não posso julgá-lo e devo lembrar que fulano e beltrano tem um advogado de defesa, Jesus, que costuma ir até últimas instâncias na defesa de seus clientes (morrer por eles, por exemplo). Então, quando eu julgo e condeno, ignoro a graça restauradora, que passa também a não me alcançar (recebo a mesma medida de juízo que emiti). Afinal, posso não ter feito o que fulano e beltrano fez, mas certamente fiz algo parecido, maior ou menor.

Se assim não fosse não poderíamos falar nada sobre a picaretagem de alguns líderes, enganando ovelhas para enriquecer, ou mostrar a incoerência da venda de bênçãos, aliás, os reformadores, que colocaram à luz a insensatez da venda de indulgências e outras barbaridades feitas pela Igreja católica estariam lascados. Para não falar de Jesus, que chamou os fariseus de raça de víboras e sepulcros caiados...

Concluindo, não tenham medo de medir o que pessoas falam ou fazem utilizando como parâmetro as palavras de Jesus e dos apóstolos. Não caia em artimanhas para gerar culpa ou calar a boca, no intuito de preservar a imagem de alguém querido. Isso não é amor, nem cuidado. Contudo, deixe o juízo para o Juiz (Ele saberá o que fazer e ouvirá o advogado de defesa). Lembre-se, você também tem o rabo preso e, no futuro, pode estar falando ou fazendo alguma bobagem também! Precisará da graça restauradora, tanto quanto o irmão do cisco.

Sugiro inclusive que você desenvolva esses hábitos como obrigação, caso tenha abraçado a fé. Jesus fez assim, você também deve fazer.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A Igreja é assim (!?)

A Igreja é assim.

Ela não respeita instituições, estatutos, paredes, reuniões, padrões, placas, nem nada que o ser humanos possa construir ou instituir. A Igreja simplesmente se manifesta em sua própria existência, alheia ao governo humano e debaixo do governo de Deus. E quando assim o faz a reconhecemos, não pelo fato dela reinvindicar sua posição, mas sim pela sua natureza, caráter e frutos. Então, ao notar essa expressão de vida, podemos nos entregar a sinceridade e concluir, em nosso íntimo, o quanto fazemos ou não parte dela. O quanto estamos misturados nessa vida que atropela, que anda, que empurra, que nos leva a lugares algumas vezes agradáveis e outras, sombrios. Podemos nos fazer a seguinte pergunta: queremos nos engajar nessa coletividade de histórias, alegrias, tristezas, aspirações, acertos, erros, pecados, virtudes, trabalho, lazer e humanidade (sendo que podemos fugir dela), assim como Jesus fez ao deixar os céus, ou preferimos seguir os caminhos, já aclamados, que podem nos levar a uma intensa realização pessoal?

Para mim Igreja é assim.

E digo que estou tão estragado nessa convicção que já não consigo me contentar com nada que me proporcione artificialmente essa vida. Alguns momentos de comunhão ao fim de bonitas palavras aninadoras centradas na Bíblia. Belas canções exaustivamente ensaiadas e pensadas para proporcionar o melhor para Deus e me levar, junto com os demais, a uma atmosfera de enlevo espiritual. Pessoas simpáticas que abraçam, beijam, confessam seu amor mutuamente (em Cristo), se envolvem (e me envolvem) em lindos projetos para que outras pessoas, também simpáticas se juntem a nós. Tudo, tudo isso são coisas maravilhosas, mas atinguem apenas a superfície de meu desejo de comunidade, de pertencimento. Repito pela primeira vez: estou estragado.

Eu tento viver a Igreja assim.

Já fiz tanto esforço para viver isso que entrei por caminhos certos, com a motivação errada. E acreditei que havia encontrado a única resposta, não no conselho do Espírito, mas de pessoas, boas pessoas, mas, ainda pessoas. Ao verificar o desvio, consertei a motivação, mas errei o caminho. E acreditei na sinceridade de quem tinha apenas interesses, abri minha casa para quem não merecia nem um aperto de mão. Ao tentar alinhar caminho e motivação pude, por fim, concluir que mesmo com tudo certo, a Igreja ainda continua sendo livre, e escapa incessantemente de minhas mãos. Sou totalmente incapaz de controlá-la, de fazê-la crescer e, até mesmo, de escolher quem fará parte de minha vida. Repito pela segunda vez: estou estragado.

E foi assim.

Quando chegou a tempestade e deu com força contra a casa que eu havia contruído, fechei bem as portas e as janelas, coloquei panos para tapar as frestas, passei a chave e o ferrolho em todas as entradas e, do lado de dentro, não totalmente sem temor, verifiquei a casa firme, sólida, resistindo bem as pancadas da forte tormenta. Protegido e feliz pela solidez da construção, senti-me só, trancado e com medo de sair e me deparar com os ventos fortes e a chuva impetuosa. Mas, sem perceber como, vi-me cercado de pessoas, elas não batiam à porta, mas entravam, elas não pediam licença, mas passavam pelas portas e quando entravam traziam consigo um pouco de sol, de calor, de luz... um pouco de vida. E foi assim que percebi ela, a Igreja, manifestando sua vida, livre, sem medo de incomodar e, com simplicidade, mostrando a face de Cristo. Pela terceira e última vez: estou estragado, pois meu maior desejo é achar uma forma de institucionalizar essa vida.

O engano do “ide e fazei discípulos”

Não vou abordar os eventos históricos que culminaram em uma visão equivocada sobre o que chamamos de “ A Grande Comissão”. A intenção aqui é...

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