segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A Igreja é assim (!?)

A Igreja é assim.

Ela não respeita instituições, estatutos, paredes, reuniões, padrões, placas, nem nada que o ser humanos possa construir ou instituir. A Igreja simplesmente se manifesta em sua própria existência, alheia ao governo humano e debaixo do governo de Deus. E quando assim o faz a reconhecemos, não pelo fato dela reinvindicar sua posição, mas sim pela sua natureza, caráter e frutos. Então, ao notar essa expressão de vida, podemos nos entregar a sinceridade e concluir, em nosso íntimo, o quanto fazemos ou não parte dela. O quanto estamos misturados nessa vida que atropela, que anda, que empurra, que nos leva a lugares algumas vezes agradáveis e outras, sombrios. Podemos nos fazer a seguinte pergunta: queremos nos engajar nessa coletividade de histórias, alegrias, tristezas, aspirações, acertos, erros, pecados, virtudes, trabalho, lazer e humanidade (sendo que podemos fugir dela), assim como Jesus fez ao deixar os céus, ou preferimos seguir os caminhos, já aclamados, que podem nos levar a uma intensa realização pessoal?

Para mim Igreja é assim.

E digo que estou tão estragado nessa convicção que já não consigo me contentar com nada que me proporcione artificialmente essa vida. Alguns momentos de comunhão ao fim de bonitas palavras aninadoras centradas na Bíblia. Belas canções exaustivamente ensaiadas e pensadas para proporcionar o melhor para Deus e me levar, junto com os demais, a uma atmosfera de enlevo espiritual. Pessoas simpáticas que abraçam, beijam, confessam seu amor mutuamente (em Cristo), se envolvem (e me envolvem) em lindos projetos para que outras pessoas, também simpáticas se juntem a nós. Tudo, tudo isso são coisas maravilhosas, mas atinguem apenas a superfície de meu desejo de comunidade, de pertencimento. Repito pela primeira vez: estou estragado.

Eu tento viver a Igreja assim.

Já fiz tanto esforço para viver isso que entrei por caminhos certos, com a motivação errada. E acreditei que havia encontrado a única resposta, não no conselho do Espírito, mas de pessoas, boas pessoas, mas, ainda pessoas. Ao verificar o desvio, consertei a motivação, mas errei o caminho. E acreditei na sinceridade de quem tinha apenas interesses, abri minha casa para quem não merecia nem um aperto de mão. Ao tentar alinhar caminho e motivação pude, por fim, concluir que mesmo com tudo certo, a Igreja ainda continua sendo livre, e escapa incessantemente de minhas mãos. Sou totalmente incapaz de controlá-la, de fazê-la crescer e, até mesmo, de escolher quem fará parte de minha vida. Repito pela segunda vez: estou estragado.

E foi assim.

Quando chegou a tempestade e deu com força contra a casa que eu havia contruído, fechei bem as portas e as janelas, coloquei panos para tapar as frestas, passei a chave e o ferrolho em todas as entradas e, do lado de dentro, não totalmente sem temor, verifiquei a casa firme, sólida, resistindo bem as pancadas da forte tormenta. Protegido e feliz pela solidez da construção, senti-me só, trancado e com medo de sair e me deparar com os ventos fortes e a chuva impetuosa. Mas, sem perceber como, vi-me cercado de pessoas, elas não batiam à porta, mas entravam, elas não pediam licença, mas passavam pelas portas e quando entravam traziam consigo um pouco de sol, de calor, de luz... um pouco de vida. E foi assim que percebi ela, a Igreja, manifestando sua vida, livre, sem medo de incomodar e, com simplicidade, mostrando a face de Cristo. Pela terceira e última vez: estou estragado, pois meu maior desejo é achar uma forma de institucionalizar essa vida.

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